“E saibam exatamente o que fazemos…” por David Bowie

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Terça, 28 de fevereiro, David Bowie lançou seu segundo single do álbum “The Next Day” que sairá no dia 11 de março.

Um casal vivido por Bowie e Tilda Swinton, feliz, é atormentado por celebridades, Andrej Pejic e Saskia de Brauw.

Dirigido por Floria Sigismond (que comandou o filme The Runaways – Garotas do Rock), retrata figuras andrógenas como monstros que abduzem e tentam possuir o pacato estilo de vida do casal. A história do clipe “captura o momento do século 21 de convergência de idade, gênero e divisão entre normais e celebridades”, diz a página do cantor no Facebook. O clipe, também, faz várias passagens por sua carreira ao longo do tempo.

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Bowie, aos 66 anos, reflete o efeito que ele e suas obras contribuem para a cultura que fica cada vez mais globalizada. Reconhece seu papel como influenciador direto e indireto do que é produzido no mercado hoje.

Confira o clipe clicando na imagem abaixo.

 

Otávio Luis, 06 de março de 2013.

Anos 1970 – Androginia e Glam Rock

O conceito de androginia diz  a mistura de elementos masculinos e femininos em uma pessoa, que se definem por sentimentos variáveis e traços de comportamentos e físicos que possam ser masculinos e femininos, ou seja, a combinação visual entre masculino e feminino.

Em livros de História da Moda encontramos citações de androginia como os smokins de Yves Sant Lauren e a marca japonesa Comme des Garçons (“Como garotos” em francês). As mulheres se apropriam de elementos da moda masculina. Atrizes como Katherine Hepburn e Marlene Dietrich são responsáveis por difundirem esse estilo.

Katherine em sua androginia leve, gostava de calças amplas e outros elementos com suéteres ajustados e blusa, que se tornaram femininos e popularmente difundidos para o guarda roupa feminino na década de 1970. Outros fatores foram as mulheres ocupando cargos anteriormente masculinos e diante disso, nasceram roupas com corte masculino e visual unissex.Katharine e Marlene

Em contrapartida e com a decadência do Movimento Hippie, surge um novo elemento visual dentro da música pop, o

glam rockGlam Rock, a mistura de elementos hippies e muito glamour, chamada geração glitter. Pela primeira vez o mundo ouve o termo “ambiguidade sexual”. Popularizaram os sapatos plataformas, as calças boca de sino, meias de lúrex, do poliéster. A moda passa a sair das ruas para as fábricas e maisons, o que era ao contrário anteriormente. A moda agora é jovem, substituindo o “chiq” por “kitsch, punk e retrô”. A juventude não sabia que rumo tomar, mas só sabia que não queria seguir padrões. A moda seguiu o hippie.

Junto com essa modernidade, sobreviveram, em pleno auge, bandas de hard rock, como Led Zeppelin e Black Sabath. O rock pesado vivia seu grande momento e por um lado a androginia os influenciava.

Nesse cenário, o glam rock surgiu na Inglaterra, e tendo menor impacto e difundido apenas em Nova York e Los Angeles, EUA. Foi marcado pelos trajes e performances com muitos cílios postiços, purpurinas, lantejoulas e paetês, saltos altos, batons e trajes elétricos. A música esbanjava glamour e energia sexual. A ênfase era a “revolução adolescente”, assim como um ampla notoriedade na direção de temas heterossexuais, sobre a decadência e a fama. Tem um som mais leve, ao contrário do Metal.

Os cantores de glam rock sempre vestem-se de forma andrógina, com grandes maquiagens, trajes extravagantes. Um grande exemplo foi David Bowie durante as fases Ziggy Stardust e Aladdin Sane. Outro exemplo não menos importante, Boy George, Abba (Pop Glam), Tokyo Hotel (atual), etc.DB

061311-fine-wine-boy-george-22Já no avanço do século XX, a androginia foi escolhida por nomes como de Annie Lennox. Usava cabelo curto e algumas vezes colorido, camisas e calças masculino. Em contrapartida, nos anos de 1980, com o aumento do poder do vestuário e o surgimento de marcas japonesas que rejeitaram os ideais de beleza, o mercado verá que a androginia se estabelece completamente como uma promessa da indústria da moda.

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Hoje encontramos nomes andróginos como o de Andrej Pejic, que deseja que o símbolo de uma geração em que as diferenças entre sexos masculinos e femininos não sejam o centro de discussão.Andrej

Ainda complemento que os ideias difundidos a partir da década de 1960 sobre identidade visual deve ser respeitada por ser símbolo de expressão pessoal. A moda deseja que cada pessoa tenha sua identidade.

Otávio Luis, 10 de fevereiro de 2013.