Anna Karenina e uma passagem pela Moda

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Cópia original da obra.

“Todas as famílias felizes são iguais. As infelizes são cada uma à sua maneira.”

Esse começo tão reconhecido na literatura mundial proveniente da obra de Liev Tolstói, Anna Karenina, que foi publicado em 1873 e 1877 na Rússia.

O livro gira em torno do caso extra-conjugal de Anna, num tempo da aristocracia da Rússia Czarista onde no decorrer da obra são debatidos temas a respeito das melhores maneiras de gerir suas propriedades de terra e como tratar dos camponeses, chamados até então de mujiques (denominação que indicava o grau de pobreza; na maioria eram servos antes das reformas agrícolas de 1861).

Na trama Anna, apesar de ter tudo, como beleza, riqueza, popularidade e um filho amado, ainda sente-se vazia até encontrar o impetuoso oficial Conde Vronski.

Passagem: Acontecimentos e Modo de vestir do Século XIX – Considerações

A trama passa-se no final do século 19, século onde ocorreu a Revolução Industrial. Ouve uma mudança grande no mundo e na sociedade onde se estabelece papéis na sociedade em grande ritmo e o consumo se estabelece nas lojas, o que era diferente até então onde as roupas eram encomendadas e confeccionadas exclusivamente.

Os vestidos neste século ganham volumes e enfeites. O volume nos séculos passados e até então, eram conseguidos com vários tecidos abaixo da saia. Agora surge uma peça que seria obrigatória no vestiário chamada “CRINOLINA” (imagem da peça usada no filme abaixo). Uma peça de sustentação e que formava o volume na saia.

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Crinolina para o filme

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Cenas do filme

Os vestidos também deviam ser diferentes em ocasiões diferentes. Em eventos e festas particulares, os vestidos eram decotados em formato canoa e os ombros de fora. Nas ruas havia mais respeito e eles deveriam ser recatas, fechadas, bem rodados e com cintura marcada onde haveria um realce a feminilidade.

O filme é praticamente fiel ao contexto histórico com apenas algumas modificações no figurino como os vestidos de rua terem um decote em “V”.

No final do século a crinolina vai mudando de forma, ficando menos volumosa até chegar a ser uma “ANQUINHA(imagem ilustrativa abaixo) que nada mais era que uma evolução da crinolina formando apenas volume nos quadris e na parte de trás do vestido. O filme passa por essa fase rapidamente quase ao fim do filme.

Exemplo de como era a Anquinha e vestido com Anquinha.

Exemplo de como era a Anquinha e vestido com Anquinha.

Já os homens deviam usar fraques e cartolas obrigatórias (o fraque seria substituído pelos ternos depois). Tem-se uma preocupação com a aparência. O filme os retrata como elegantes e usando roupas militares, culturas da Rússia.

Aaron Johnson de militar e Jude Law de cartola.

Aaron Johnson de militar e Jude Law de cartola.

Figurino e Figurinista

A reportagem de Nathália Florencio, no site da revista Cláudia, comenta sobre as inspirações da figurista.

“[…]Embora a história de traição da jovem russa se passe no final do século XIX, a figurinista Jacqueline Durran teve como fonte de inspiração a moda dos anos 50, para dar um ar mais contemporâneo à personagem.  Pinturas da década de 1870 e peças da Dior, Balenciaga, Lanvin e Jacques Fath também serviram de referência para a criação do figurino, repleto de vestidos com corpetes e decotes assimétricos, além de saias compridas e volumosas. Joias Chanel também foram usadas para evidenciar o ambiente luxuoso em que Anna Karenina (Keira Knightley) vivia. Destaque para as pérolas, que aparecem em diferentes composições durante todo o filme.”

Keira Knightley tem a elegância e o charme que se precisa pra filmes de época. Não é o primeiro e nem o segundo filme de Keira, ela tem um vasto currículo para esse tipo de filme. Resgatar histórias antigas não é um negócio fácil, exige-se muito estudo e pesquisas. Não posso dizer que Keira procure pesquisar sobre seus personagens, mais posso dizer que ela encarna suas personagens com seu ar delicado.

Talvez o escritor, Liev Tolstói, tenha escrito seu livro para que caísse em mãos de mulheres desta sociedade, reforçando as ideias daquele tempo. Talvez reforçasse o que poderia acontecer a elas se tentassem serem livres, por assim dizendo. Por tentarem viver um romance fora do casamento, que pudesse dar certo ou não.

Confesso que sou apaixonado por essas histórias. Vale a pena ver o filme, ganhador de 1 Oscar de Melhor Figurino. É lindo de ser. Espero que tenham gostado!!! 😉

Otávio Luis, 04 de março de 2013

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